Aspectos econômicos do governo Bolsonaro
O governo Bolsonaro iniciou-se com grandes expectativas de recuperação econômica. Após escândalos de corrupção de governos anteriores, o candidato à presidência se lançou como a renovação no âmbito político. No quesito economia, o atual presidente trouxe propostas como a Reforma Tributária e a "Carteira Verde e Amarela'', além de outras. Segundo o ministro da economia, Paulo Guedes, o Brasil voltaria a “crescer 3,5% no curto prazo” (G1, 2018), todavia, tal otimismo não se concretizou, devido a diversos problemas, como principal a Pandemia do Corona vírus. Dessa forma, esta análise propõe avaliar se o discurso otimista do governo Bolsonaro possui base real, por meio de uma avaliação comparativa dos dados da última edição do World Economic Outlook. Baseado em sua publicação semestral do Fundo Monetário Internacional (FMI), que apresenta a visão do órgão sobre a evolução da economia global, incluindo as previsões sobre os agregados macroeconômicos.
Tal publicação foca nas previsões feitas para quatro agregados principais mensurados na forma de taxas: crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), investimento, desemprego e inflação.
Crescimento do PIB
O PIB teve um leve desempenho(1,2%) no primeiro ano do governo Bolsonaro com três anos seguidos de alta no PIB, porém a alta não foi suficiente para suprir a queda de 6,7% acumulada de 2015 e 2016.
Em meados de 2020, o PIB entra em retração profunda, por meio da paralisação econômica provinda da Pandemia que de forma parcial ou até mesmo total, dessa forma tivemos uma queda de 3,9% com o setor ,mais prejudicado, de serviços.
No ano seguinte, a tendência começa a se reverter e apresenta uma recuperação da economia, onde nosso PIB acumulou uma alta de 4,6%, atribuída principalmente ao setor de serviços, beneficiado pela ampliação da taxa de vacinação e a retomada das atividades.
Contudo, após a alta de 2021, o crescimento do PIB deste ano tende a ser menor. No segundo trimestre de 2022, a taxa cresceu 1,2% em relação ao trimestre anterior, e no terceiro trimestre a variação deve ser de 0,4%. As perspectivas para o próximo ano tem base pessimista, segundo especialistas, já que o crescimento estimado será de 0,5%, de acordo aos reflexos da atual política monetária restritiva para conter a inflação.
Taxa de investimento
A taxa de investimento prevista, de apenas 18,4% do PIB, quebrara um ciclo de alta consecutivas desde 2016, no final do governo Temer, até 2021 onde tivemos uma taxa de 19,2%, porém ainda estão entre as menores do mundo, abaixo da média mundial (27,3%). Esse valor de investimento pode ser explicado principalmente por três fatores: O primeiro é pelas restrições ao crédito comumente enfrentadas pelos tomadores de crédito, em especial as micro e pequenas empresas, e pelas taxas de juro em geral extremamente elevadas, mesmo no período em que a taxa básica permaneceu em níveis historicamente reduzidos. Depois, pela massa salarial estagnada há anos em razão do alto desemprego e da ausência de políticas públicas efetivas para reduzi-lo, restringindo o aumento do consumo e desalentando o investimento produtivo. Em seguida pela austeridade permanente reforçada pela introdução do teto de gastos que, a despeito de suas brechas, impõe uma pressão constante pela contenção dos gastos públicos, em especial dos investimentos.
Desemprego
O desemprego durante o primeiro ano de governo Bolsonaro foi de relativa estabilidade, na faixa de 12%, com variações sazonais. Porém, o advento da pandemia, as restrições sanitárias e o fechamento do comércio, refletiram negativamente no mercado de trabalho, gerando um déficit até alcançar uma taxa de desemprego de 14,9%. No trimestre encerrado em agosto, a taxa foi de 8,9%, nível que havia sido alcançado pela última vez no trimestre encerrado em agosto de 2015.
A retomada das atividades ocorreu, em sua maioria, pelo setor de serviços, que é intensivo em mão de obra, segundo o economista Claudio Considera. Contudo, o economista afirma que em geral são vagas de pior qualidade e de remuneração mais baixa do que as da indústria, que ainda não se recuperaram totalmente do tombo da pandemia.
Inflação
O último boletim Focus da segunda-feira dia 24, reduziu a expectativa da inflação para 5,6%, no período de agosto de 2021 a setembro de 2022, a inflação acumulada é de 7,17%, já o acumulado de 2022 temos que o índice cresceu 4,09%, e como foi possível manter uma inflação relativamente considerável? O Banco central, usou sua principal ferramenta para segurar a inflação, que foi aumentar a taxa básica de juros, atualmente nossa taxa selic se encontra em 13,75% ao ano, uma das taxas mais altas de juros, assim podemos perceber uma dificuldade para reduzir o juros, tal artifício que anda controlando a inflação.
A inflação alta não ocorre no Brasil apenas neste ano. Quando se analisa os quatro anos do governo Bolsonaro a situação relativa não é favorável, dado que a inflação acumulada de 28% coloca o Brasil com a 43º taxa mais alta entre 192 países.
Fontes:
BRASIL. O Brasil pode voltar a crescer 3,5% no curto prazo, avalia Paulo Guedes. Disponível em:
<https://g1.globo.com/politica/blog/valdo-cruz/noticia/2018/11/30/brasil-pode-voltar-a-cresce r-35-no-curto-prazo-avalia-paulo-guedes.ghtml>. Acesso em: 19 out. 2022.
World Economic Outlook. Disponível em: <https://www.imf.org/en/Publications/WEO>. Acesso em: 19 out. 2022.
https://www.cnnbrasil.com.br/business/mercado-reduz-projecao-para-ipca-de-2022-pela-17a-semana-seguida-e-eleva-pib-ate-2023/
https://www.cnnbrasil.com.br/business/sete-paises-do-g20-tem-inflacao-menor-que-a-do-brasil-veja-o-ranking/
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