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A História dos Investimentos

A ideia de investimentos financeiros surgiu com a necessidade de aplicar o capital inativo, visando rendimento e produtividade, ou seja, lucro em cima do capital inicial. No texto um desta série já nos foi apresentado a história da Bolsa de Valores e sua evolução com o tempo. Agora, nesse texto, iremos discutir, brevemente, sobre a história dos tipos de investimentos. Como pudemos ver no texto um desta série, “Início da Bolsa de Valores”, em 1531 na Bélgica, a primeira bolsa de valores, Bolsa da Antuérpia, já negociava títulos de empréstimos. No Brasil, antes da década de 1960, os brasileiros investiam apenas em ativos reais, ou seja, imóveis físicos e evitavam aplicações em títulos públicos e privados. Mas, como será que surgiram os outros tipos de investimentos?


Vamos começar pelos títulos públicos. Há registros que, na França, no século XVII, essa modalidade já era usada para financiar a Guerra dos Trinta Anos. Enquanto, no século XVIII, o Reino Unido era financiado por pequenos investidores privados e, na Suécia, o Estado emitia títulos especiais para construção de navios de batalha. No Brasil, a emissão de títulos públicos é utilizada para captar recursos para financiar o déficit orçamentário, refinanciar a dívida pública, viabilizar investimentos e atividades do governo, como educação, saúde e infraestrutura.


Em 1843, a primeira bolsa de valores brasileira, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, surgiu para a negociação de títulos públicos. Porém, apenas em 1986, foi criado o Tesouro Nacional, responsável por gerir as contas públicas, zelar pelo equilíbrio fiscal e a qualidade do gasto público, e consequentemente, foi criada a Secretaria do Tesouro Nacional, órgão que emite e controla os títulos públicos atualmente. Antes, eles eram vendidos por meio de ofertas públicas com realizações de leilões e por emissões diretas de acordo com as necessidades específicas determinadas em lei. Em 2002, foi lançado o Programa Tesouro Direto com o intuito de permitir a venda de títulos diretamente aos cidadãos residentes no Brasil e com CPF, visto que antes os investimentos em títulos só eram possíveis a partir de fundos de renda fixa que cobravam elevadas taxas de administração. Hoje, há uma grande variedade de títulos públicos com diferentes prazos e rentabilidade, por exemplo Tesouro Selic, Tesouro Prefixado, Tesouro IPCA, entre outros.


Pausa para o momento curiosidade: A Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Agrícola (LCA) surgiram há 15 anos, com a finalidade de financiar a setor imobiliário e agrícola no Brasil. Enquanto, a poupança, outro investimento de renda fixa, foi criada em 1861, a partir do decreto assinado por Dom Pedro II, no qual está escrito que a criação da poupança “tem por fim receber a juro 6%, as pequenas economias das classes menos abastadas”. Hoje, com seus 160 anos, a poupança rende valor inferior comparados aos outros investimentos “mais novos” de renda fixa. Interessante, né?


Mas, vamos continuar... E os fundos de investimentos? Datados no século XVIII, os fundos de investimentos foram criados com a iniciativa de reunir investidores para investir coletivamente. Considerado o primeiro fundo de investimento do mundo, o “Société civile Genevoise d’emploi de fonds” foi criado em 1849 na Suíça. Posteriormente, foram criados os fundos “Foreign and Colonial Government Trust” na Alemanha (1868) e nos EUA, em 1893, o primeiro fundo mútuo limitado. Somente em 1924, foi criado o “Massachusetts Investors Trust” que não possuía restrições para o número de cotistas e existe até hoje. E, a partir de 1950, outros países da Europa, como França, Bélgica e Holanda regularizaram esse tipo de investimento.


No Brasil, há divergências sobre o pioneirismo dos fundos de investimento. Alguns escritores consideram o fundo fechado Valéria Primeira, do grupo Deltec (1952) como o primeiro fundo de investimentos a iniciar operações no Brasil, enquanto outros consideram o Fundo Crescinco, do Grupo Rockefeller (1957). Assim, com o passar dos anos, outros tipos de fundos foram criados de acordo com a legislação brasileira, suas portarias e resoluções, resultando na evolução dos fundos no mercado brasileiro. Hoje, o Brasil possui mais de 14 mil fundos de investimentos de diferentes setores, sendo considerado o país com maior número de fundos no mundo.


Outros investimentos que podemos citar sucintamente são as debêntures e os derivativos. As debêntures surgiram no século XIX, na Inglaterra, como forma de arrecadar capital para realização de suas atividades durante a expansão econômica da época. A partir daí, outros países europeus e os EUA começaram a emitir debêntures para captação de recursos. Na década de 1960, nos EUA, as debêntures já ultrapassavam as ações em número de emissões. Enquanto isso, no Brasil, as debêntures só começaram a ser utilizadas dessa forma, a partir da Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas – S.A.). Mas, foi na década de 1990, com a criação do Sistema Nacional de Debêntures, que elas se tornaram mais expressivas no mercado brasileiro. E os derivativos? Mesmo considerando o início dos investimentos na Bélgica, foi no Japão,em 1730, que a Bolsa de Arroz de Osaka começou a negociação de contratos futuros, difundindo a ideia para o restante do mundo. Assim, em 1848, com a criação da “Chicago Board of Trade'', surgiram as características que compõem a atual Bolsa de Mercadorias. Mas foi apenas em 1917, que a primeira bolsa de commodities agrícolas surgiu no Brasil, a então Bolsa de Mercadorias de São Paulo, que não negociava contratos futuros. Só em 1983, com a Bolsa Brasileira de Futuros, no Rio de Janeiro, que viria a negociar.


Por fim, mas não menos importante, as ações. Podemos inicialmente considerar que desde 1309, na pioneira Bélgica, existia um mercado de “ações” estabelecido durante as navegações e os transportes de mercadorias no período medieval. Porém, mesmo com a criação da primeira Bolsa de Valores na Bélgica, as ações propriamente ditas, semelhantes às atuais, surgiram apenas em 1602 na Bolsa de Amsterdã, pela Companhia Holandesa das Índias Orientais. Esse foi um marco muito importante economicamente para a Companhia Holandesa, tornando-a a mais rica companhia privada da época. No Brasil, a ideia de “ações” chegou junto com a família real portuguesa e com a fundação do primeiro banco do Rio de Janeiro, que viria a ser o atual Banco do Brasil. Porém, apenas em 1845, passou a existir um lugar oficial para investir em ações, a primeira bolsa de valores, a Bolsa do Rio de Janeiro. Assim, com esse início e características básicas, as ações evoluíram com o tempo e se tornaram o que são hoje, permitindo que pequenos investidores sejam sócios de grandes empresas.

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